Você
está usando o celular e de repente recebe uma nova mensagem: “Oi! Esse agora é
meu número. Adicione meu novo contato”. A foto que aparece na conversa é de
alguém conhecido, mas na verdade quem está enviando as mensagens é um criminoso
que se faz passar por um parente ou amigo, para tentar lhe pedir dinheiro, com
variadas (e às vezes inusitadas) justificativas. Essa é tática utilizada no
chamado “golpe do número novo”, uma das modalidades de crimes cibernéticos mais
utilizadas por golpistas em todo o Brasil.
No
Maranhão, o aumento das ocorrências envolvendo crimes cibernéticos também
preocupa, e o Departamento de Combate a Crimes Tecnológicos (DCCT) da Polícia
Civil do Maranhão (PC-MA), alerta a população sobre os riscos e como se
prevenir do ataque de criminosos no ambiente virtual.
Para
o delegado Augusto Barros, superintendente estadual de Investigações Criminais
(SEIC), quanto maior o esclarecimento das pessoas sobre o assunto, menor a
vulnerabilidade do cidadão a golpes cibernéticos.
“As
pessoas precisam educar-se porque esse tipo de crime atinge todo o país. As
pessoas que os cometem estão em pontos diferentes do Brasil, deslocando-se,
usando de dissimulações para iludir as pessoas e disfarçar o seu local de
origem”, afirma o delegado.
O
delegado Augusto Barros e o delegado-chefe do Departamento de Combate a Crimes
Tecnológicos da SEIC, Guilherme Campelo, falam sobre as principais modalidades
de crimes cibernéticos registradas no Maranhão, dão dicas de como se proteger
de ataques criminosos na internet, e quais medidas tomar, caso você acabe se
tornando mais uma vítima de um golpe eletrônico.
Principais crimes cibernéticos
O
delegado-chefe do Departamento de Combate a Crimes Tecnológicos da SEIC,
Guilherme Campelo explica que os crimes virtuais são classificados em ‘crimes
próprios’, que tem como objetivo criminoso o sistema computacional em si (como
a invasão hacker a um determinado site) e existem os ‘crimes impróprios‘,
quando a internet é mera intermediária, mas os efeitos do crime repercutem na
vida real (estelionato eletrônico e o furto mediante fraude são exemplos de
crimes impróprios).
“Os
mais comuns são os crimes cibernéticos impróprios, que são conhecidos
popularmente como crimes de estelionato, o famoso golpe aplicado em ambiente
virtual, sendo o mais comum o estelionato na modalidade eletrônica e o furto
mediante fraude, em que os criminosos enviam falsas mensagens, fazem falsas
ligações às vítimas e alí acabam obtendo alguma vantagem econômica indevida“,
ressalta Campelo.
Golpe do número novo
Como
descrito no início do texto, nessa modalidade os criminosos colocam uma foto de
perfil em um aplicativo de mensagens se passando por determinada pessoa, e
passam a enviar mensagens informando que trocou de número de telefone e precisa
de transferência em dinheiro para sanar um suposto problema.
“Geralmente
esse tipo de mensagem é direcionada a parentes. Esse ainda é, infelizmente,
apesar de o tempo que ele está lançado no meio social, um tipo de crime
cibernético com o maior número de ocorrências”, lamenta delegado Campelo.
Como se prevenir
Ativar
a confirmação de duas etapas em aplicativos de mensagens, evitar o compartilhamento
de contas com outras pessoas, desconfiar de mensagens diferentes das que você
está acostumado a trocar com seus contatos e entrar em contato com a pessoa,
pelo número anterior, são algumas das estratégias para se livrar do ‘golpe do
número novo’.
“Você
tem diversas maneiras de entrar em contato com seus familiares e amigos. Não
aceite mensagens de estranhos, sempre tente confirmar algo, principalmente
quando for efetuar um pagamento”, alerta Campelo.
Falsa Central de Atendimento
Outra
prática criminosa comum na internet é o golpe da ‘falsa central de
atendimento’. Aqui os criminosos simulam ser atendentes de empresas, como
bancos, a fim de extrair dados e dinheiro de suas vítimas. Esses crimes
utilizam engenharia social, técnica empregada para induzir usuários desavisados
a enviar dados confidenciais, persuadindo as vítimas de que o contato é
legítimo (ou manipulando-as emocionalmente), até que elas compartilhem
informações, como dados bancários.
“Os
criminosos se utilizam de fraudes com parte de informações sobre a vida pessoal
de alguém, ou os seus dados bancários, fiscais, pessoais, como endereço,
telefone, ou algum dado que ele consegue obter na internet, e se aproveitam, a
partir de uma engenharia social, para levar a vítima a crer que ali ela está
falando com um representante de instituição bancária”, exemplifica o
superintendente da SEIC, delegado Augusto Barros.
Como evitar
Para
se proteger contra esse tipo de golpe, é essencial ficar atento a qualquer
contato de centrais de atendimento e verificar com precisão a autenticidade da
central em questão, antes de compartilhar informações pessoais.
“É
importante não aceitar contatos de terceiros e a vítima deve procurar sua
agência ou até o próprio canal de autoatendimento do banco via aplicativo, que
hoje em dia é muito comum”, recomenda o delegado Guilherme Campelo.
Invasão de redes sociais
A
invasão de perfis em redes sociais também é um crime com grande ocorrência nos
últimos anos. Nesse método, os criminosos enviam uma mensagem pelo “direct” do
Instagram, por mensagem no Whatsapp, por SMS ou por e-mail, geralmente com
ofertas ou prêmios. As mensagens mais usuais se referem a descontos em
restaurantes ou hospedagem, ofertas de milhas em passagens aéreas, entre outros
tipos de promoções ou vantagens, mas todas as mensagens são falsas.
Nesse
tipo de crime, criminosos lançam perfis falsos de hotéis, pousadas, clínicas de
estética ou restaurantes e anunciam falsas promoções, que não existem, atraindo
a vítima, informando que ela vai receber um código para participar de
determinada promoção. A vítima vai se cadastrar e ali ela vai entregar os dados
ao grupo criminoso. Naquele momento a vítima perde acesso a sua conta e os
criminosos tomam a conta e passam a ofertar produtos.
Em
muitos casos, os seguidores do titular da conta que se interessam por
determinada promoção, acabam se comunicando com os golpistas e fazem a
transferência de valores para chaves Pix que os criminosos fornecem.
O que fazer para não cair nessa?
Não
clicar em links de ofertas, prêmios ou cadastros, recebidos por “direct” do
Instagram, por Whatsapp, por SMS ou por e-mail, são algumas das medidas que
evitam que sua conta seja hackeada, uma vez que esses links podem conter
programas maliciosos para obter dados e senhas de quem clicou.
“É
importante você não aceitar determinadas propagandas que surgem, pois é muito
comum, nesse tipo de caso, os criminosos lançarem o perfil fake”, pontua
Campelo.
Fui vítima de golpe virtual, e agora, como denunciar?
Caso
você acabe sendo vítima de golpistas na internet, é importante formalizar a
denúncia. Crimes cibernéticos nem sempre são denunciados, ressalvado nos casos
em que há grande perda de valores financeiros. Nos casos de bloqueios das
contas, os donos muitas das vezes acabam recorrendo a canais de atendimento da
própria rede social ou aplicativo.
Ocorrências
podem ser denunciadas por meio da Delegacia Online da Polícia Civil
(delegaciaonline.policiacivil.ma.gov.br), presencialmente na sede da DCCT, que
fica no prédio da Seic, localizado no Bairro de Fátima, ou ainda, em qualquer
uma das delegacias – de bairros e os plantões – na capital e interior do
estado.
“Em
todos esses crimes, para a apuração deles, a vítima precisa registrar um
Boletim de Ocorrência (BO). Segunda providência importante: o criminoso visa
ter um ganho econômico e financeiro. Temos à disposição das vítimas o Mecanismo
Especial de Devolução e o Bloqueio Cautelar, por meio de uma resolução do Banco
Central. Ou seja: ao notar que há uma crime, a vítima precisa buscar sua
própria instituição financeira, informar que foi vítima de um crime e solicitar
o bloqueio daquele valor na conta do criminoso”, informa o delegado Campelo.
Fonte: Secretaria de Estado de Segurança Pública do Maranhão
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